REC #24 | Mulheres olímpicas
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Não posso escrever sobre mulheres brasileiras em Olimpíadas sem começar por Mayra Aguiar, a mais regular representatividade feminina nos Jogos. Londres-2012, Rio-2016, e Tóquio-2020/21. Três cidades e três medalhas de bronze para a gaúcha, primeira mulher a subir ao pódio três vezes em esportes individuais pelo país. Mayra é gigante, e também colocou o nome dela na história do judô brasileiro. Entre homens e mulheres, no esporte que mais nos rendeu medalhas olímpicas, ninguém ganhou tantas quanto ela.
A medalha de ouro dos Jogos de Tóquio pesa 556g. A de bronze um pouco menos, 450g. Mas não é errado falar que alguns bronzes são mais pesados que muitos ouros distribuídos do outro lado do mundo. É o caso do terceiro lugar de Mayra, e também da dupla formada por Laura Pigossi e Luisa Stefani, no tênis feminino. A medalha de bronze delas foi a primeira do esporte em Olimpíadas, e possivelmente a mais inesperada na nossa história olímpica. Isso não só pela falta de investimento no tênis feminino brasileiro, mas também pelo ranking que elas ocupavam, pelos intermináveis match points salvos, e por toda epopeia que passaram para chegar até o Japão. A história completa está aqui. Spoiler alert: Laura só descobriu que ia para Tóquio oito dias antes da estreia.
E na primeira semana dos jogos tivemos ainda Rebeca Andrade. Uma filha de mãe solo, que brilha no solo, na trave, no salto e nas barras assimétricas. Uma ginasta completa, a quem o Brasil negou quase tudo, mas que deu ao país as primeiras medalhas olímpicas na ginástica artística feminina. Uma de prata e outra de ouro. Rebeca é a primeira brasileira a subir no pódio duas vezes na mesma Olimpíada. Infelizmente, os dias que marcaram o GirlPower brasileiro sentenciaram também a eliminação do futebol feminino de Marta, uma das vozes mais atuantes entre as mulheres olímpicas desde o começo dos anos dois mil.
PRIMEIRO TEMPO
Alguns dias antes de Rebeca ganhar uma medalha de prata e depois, literalmente, saltar para o lugar mais alto do pódio na ginástica, Ítalo Ferreira trouxe o primeiro ouro do Brasil nos Jogos de Tóquio. E que foi também o primeiro ouro da história do surfe nas Olimpíadas. Agora o brasileiro é o atual campeão mundial e também o atual campeão olímpico do esporte que pratica. Nada mal para quem começou a surfar em tampa de isopor. A história de Ítalo é só mais um exemplo no meio de tantos outros que deixam claro o quanto é difícil ser um atleta brasileiro. Dos 309 que representam o país em Tóquio, 42% não têm nenhum patrocínio, e 19% recebem menos de R$ 2 mil de auxílio do Bolsa Atleta. Trinta e três atletas brasileiros que estão no Japão sequer vivem do esporte. Entre as outras profissões que desempenham a mais comum é “Motorista de Aplicativo”. “Empresário”, “professor” e “vendedor”, também foram citadas. Os números são da reportagem “DNA do Time Brasil”, produzida pelo Ge.com.
SEGUNDO TEMPO
No meio de tantos exemplos de superação e histórias que forjaram heróis olímpicos, Novak Djokovic apareceu como símbolo de desgosto para o esporte. O sérvio foi à Tóquio para tentar atingir uma marca que ia além da medalha olímpica. Ele queria ser o primeiro homem na história do tênis a completar o Golden Slam, feito que envolve vencer os quatro títulos de Grand Slam (Australian Open, Roland Garros, Wimbledon e US Open), e mais o ouro nas Olimpíadas. Com os três primeiros títulos supracitados já garantidos, e sem os principais rivais nos Jogos, Djoko parecia perto da meta, mas foi surpreendido e derrotado nas semifinais pelo alemão Alexander Zverev. Depois, durante a derrota que o fez perder também a medalha de bronze para o espanhol Pablo Carreno Busta, o tenista mostrou sua pior versão ao quebrar uma raquete e atirar outra em direção a arquibancada vazia. Ele ainda desistiu de disputar o bronze nas duplas mistas e deixou a compatriota Stojanovic sem chances de medalha. Djokovic alegou uma lesão no ombro para não entrar em quadra.
TRÊS DE ACRÉSCIMO
O mês de julho foi embora sem deixar saudade na dupla Ba-Vi. O Vitória venceu só uma vez nos últimos 30 dias. Para o Bahia foram dois triunfos. O Tricolor está em meio a uma sequência de cinco derrotas seguidas, e sem marcar nenhum gol no período. Quatro desses jogos foram pelo Campeonato Brasileiro, onde a situação só não é pior porque o bom começo mantém o time no meio da tabela. Na Copa do Brasil, no entanto, a eliminação diante do Atlético-MG parece iminente. O mesmo vale para o Vitória, com um jogo protocolar contra o Grêmio. Na Série B, o Leão respira fora da zona de rebaixamento, mas segue ameaçadíssimo.
A dupla BAVI não merecia ser citada em meio a tantos nomes que nos enchem de orgulho nas olimpíadas! Parabéns a Rebeca e os demais, que sirvam de inspiração para nossas crianças e motivem nossos tomadores de decisão a incentivar o esporte, cultura e educação, tão fundamentais quanto esquecidos na atualidade brasileira.