REC #25 | Baianos olímpicos
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Foram muitos os momentos de arrepiar durante os Jogos de Tóquio. Acho que o meu preferido foi quando Hebert Conceição se colocou nas semifinais do boxe e gritou “eu sou medalhista olímpico!”. É que a identidade resiste quando o sotaque persiste, e o “eu mereço PÁ CARALHO!” me pegou de jeito. Gritado assim, com a boca cheia no palavrão. Que nem eu faço, e provavelmente você também. Para usar a expressão da moda nas redes sociais, aquilo ali foi ‘puro suco da Bahia’. E é isso aí mesmo, se você espremer um baiano, vai sair sotaque PÁ CARALHO!
E vai sair medalha também viu?! Os baianos olímpicos fizeram bonito demais em Tóquio. Dos dez representantes do estado, cinco subiram no pódio: Ana Marcela Cunha (Salvador / maratona aquática); Isaquias Queiroz (Ubaitaba / canoagem); Hebert Conceição (Salvador / boxe); Daniel Alves (Juazeiro / futebol); e Bia Ferreira (Salvador / boxe). O desempenho foi tão bom que surgiram até brincadeiras sobre a criação de um ‘Comitê Olímpico Baiano’. Como diria Daniela Mercury, “Eu queria que essa fantasia fosse eterna...”.
Foram quatro medalhas de ouro e uma de prata, essa conquistada por Bia Ferreira, que depois da luta procurou uma câmera para pedir “desculpa”. Bia, fica tranquila que você foi ótima. A gente não quer a perfeição. A gente quer torcer, se emocionar, assistir histórias inspiradoras e aprender. Porque as Olimpíadas ensinam, e eu já aprendi que vida não acaba na derrota. Daqui a pouco tem mais. Até Paris!
PRIMEIRO TEMPO
O Brasil se despediu de Tóquio com a melhor posição no quadro de medalhas (12º lugar) e recorde de pódios em uma edição de Jogos Olímpicos: 21 (sete ouros; seis pratas; e oito bronzes). Foi apenas a segunda vez na história que um país conseguiu melhorar sua performance depois de sediar o evento. Antes, só a Grã-Bretanha, entre Londres-2012 e Rio-2016, tinha alcançado tal feito. No caso do Brasil a marca é ainda mais impressionante porque o investimento no esporte foi menor durante o último ciclo olímpico. O descaso, inclusive, foi apontado por atletas que estiveram em Tóquio. Motivos que ajudam a justificar o aumento no número de conquistas são: novas modalidades, o ano “extra” provocado pela pandemia, e o melhor desempenho das mulheres, que quase dobraram o número de medalhas da última edição. Pode até ser que não se faça uma Copa do Mundo com hospitais, mas nas Olimpíadas a saúde ganha jogo. Saúde, educação, investimento no esporte e em jovens atletas. É isso que mostra o quadro geral de medalhas, que coloca em seu TOP-10, sete das maiores economias do mundo em 2021: Estados Unidos, China, Japão, Alemanha, Reino Unido, França e Itália.
SEGUNDO TEMPO
Se o Barcelona é ‘Mes que un Club’, Lionel Messi é ‘Mes que un jugador’. Difícil tentar colocar em palavras o tamanho que um representa para o outro. Messi fez do Barcelona o time mais querido do mundo por muito tempo. Foi quem mais vestiu a camisa culé (778 jogos), quem mais marcou gols (672), e quem mais conquistou títulos (35) pelo clube. A lista é tão grande que não cabe neste boletim, mas está bem detalhada em outro ótimo interativo produzido pelo GE. A saída de Messi é diferente de tudo que eu já vi no futebol. Não é o caso do craque que deixa o clube para buscar objetivos maiores. Nem aquela velha história do veterano em fim de ciclo. Messi queria o Barcelona, e o Barça queria Messi. O rompimento veio porque a diretoria já não tinha condições de bancar nem metade do salário que o craque ganhava. Pelo visto, más gestões afetam até quem é ‘Mes que un Club’.
SEM ACRÉSCIMOS
Porque hoje eu estou exausto!