REC #27 | O Bahia habla incoherencia
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O Bahia escolheu alguém que habla para comandar o time. Uma decisão que tem se tornado comum na primeira divisão do futebol brasileiro, onde já trabalham Hernán Crespo (São Paulo), Juan Pablo Vojvoda (Fortaleza), e Diego Aguirre (Internacional). Tem também Abel Ferreira (Palmeiras) e António Oliveira (Athletico), que não hablam, mas falam um português diferente, com baliza, relvado e golo. Não vejo problema na escolha por um técnico estrangeiro, pelo contrário, considero bastante válido buscar opções fora da mesmice que é o mercado local. Por outro lado, acho incoerente a escolha por Diego Dabove.
Como foi bem explicado por Leonardo Miranda, e também pelos craques do Footure FC (em texto de 2020), Dabove não abre mão do estilo de jogo direto em seus trabalhos. A bola esticada para o centroavante é o principal mecanismo de construção ofensiva do entrenador argentino, que não tem constrangimento em ignorar o meio de campo quando o assunto é chegar ao ataque. Isso não seria um problema, se a ideia da diretoria até o começo da semana passada não fosse exatamente o oposto.
O Bahia passou todo o ano de 2021 com saída de bola em toques curtos, falou com orgulho do goleiro que jogou muito “com as mãos e também com os pés”, e agora a diretoria resolveu trocar tudo. É como se a culpa pelos sete jogos sem vitórias fosse do estilo de jogo aplicado por Dado Cavalcanti, e não daqueles que prometeram reformulação, contrataram 15 jogadores e só emplacaram três no time titular de uma equipe que brigou para não cair.
Dado salvou o Esquadrão do rebaixamento e foi campeão do Nordeste. Deu a diretoria o tal título grande que faltava, e mesmo assim foi usado de escudo pelos cartolas, incapazes de assumir os erros na montagem do elenco. Agora Diego Dabove chega com uma ideia de jogo bastante física e tem à disposição peças que não correspondem a esse pensamento. De quem será a culpa no futuro?
PRIMEIRO TEMPO
A Juazeirense é o orgulho da Bahia nas quatro divisões do futebol nacional. Após as primeiras 12 rodadas da Série D, o Cancão de Fogo está invicto, lidera do Grupo 4, tem a terceira melhor campanha entre os 64 times da competição, e se classificou com antecedência para a próxima fase, quando começa o mata-mata. Também na quarta divisão, e no mesmo Grupo 4, Bahia de Feira e Atlético de Alagoinhas vivem situações mais complicadas. O Tremendão está virtualmente eliminado, e o Carcará tem duas rodadas para tirar três pontos de desvantagem em relação ao Retrô. Uma oportunidade de ouro foi desperdiçada no último sábado, quando os dois times empataram em 1 a 1, no Estádio Carneirão, em Alagoinhas. O pior cenário entre os representantes do interior está na Série C, onde o Jacuipense segue na zona de rebaixamento. O Leão do Sisal venceu apenas uma das doze partidas disputadas até agora, e só tem mais cinco rodadas pela frente para deixar o Z-2 do Grupo A.
Ps: Hoje (segunda-feira) tem Jacuipense x Santa Cruz, no Barradão. Quem sabe a reação do Jacupa não começa aqui, e os sete jogos sem vitórias ficam para trás.
SEGUNDO TEMPO
Weverton; Mariano, Rodrigo Caio, Gustavo Gomez e Guilherme Arana; Danilo, Nacho Fernández e Arrascaeta; Hulk, Dudu e Gabriel Barbosa. Essa é a minha seleção de Atlético-MG, Flamengo e Palmeiras. Os semifinalistas da Libertadores devem protagonizar também a briga pelos títulos do Campeonato Brasileiro, e da Copa do Brasil. No mata-mata nacional o Alviverde já deixou a disputa, mas não acho que isso muda o panorama de domínio do trio. O Porco, inclusive, foi o primeiro a chegar ao topo, com taças erguidas desde 2015 (Copa do Brasil 2x; Brasileiro 2x; Libertadores 1x). O Urubu demorou um pouco mais para transformar investimento em troféu, mas tem sido arrasador desde que conseguiu, em 2019 (Supercopa do Brasil 2x; Recopa Sul-Americana 1x; Brasileiro 2x; Libertadores 1x). Último a se juntar ao trio, o Galo ainda tenta conquistar os títulos que vão o colocar definitivamente ao lado de Palmeiras e Flamengo. Outro dia volto a falar dos três. A ideia é trazer um olhar mais voltado para os elencos, que foram forjados em mercados diferentes: o nacional (Palmeiras), o continental (Atlético-MG) e o europeu (Flamengo).
TRÊS DE ACRÉSCIMO
Eu adorava futebol de areia quando eu era guri. Sempre assisti aos jogos que passavam na TV, normalmente durante o Esporte Espetacular. Viajava nos golaços de bicicleta, voleios, e coisas parecidas. Hoje o interesse é algo próximo a zero, e nem a nostalgia de uma partida no domingo me despertou a vontade de assistir a Copa do Mundo, que está acontecendo em Moscou, na Rússia. De qualquer forma, deixo aqui registrado que o Brasil venceu El Salvador por 4 a 2, está em segundo lugar no Grupo C, e decide contra Belarus uma vaga nas quartas de final. Assim como a Seleção mais tradicional, os caras da areia tentam o hexacampeonato mundial.