REC #28 | Tem salvação
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Wagner Lopes ainda não perdeu desde que chegou ao Vitória, mas só venceu um em quatro jogos. Empatar fora de casa, como aconteceu domingo contra o Náutico, não é ruim. Só que não vai ser suficiente para tirar o time do buraco. Se agarrar aos ideais do presidente Paulo Carneiro também não. Digo isso porque não consigo imaginar outro motivo que justifique Wesley Pionteck no time titular.
Wesley apareceu no onze inicial de Wagner Lopes em três dos quatro jogos que ele comandou o Rubro-Negro. Diante de Vila Nova, Guarani e Náutico, o atacante não fez nada para defender a condição de titular. David, com todas as suas limitações, já entregou mais para o Leão. E tem também Ronan como opção. O artilheiro do Campeonato Baiano aproveitou bem os poucos minutos em campo no Estádio dos Aflitos.
No próximo sábado o Vitória pode enfim ter a chance de deixar a zona de rebaixamento, vai depender também dos resultados de Londrina e Vila Nova. Antes disso, na quinta-feira, o Rubro-Negro “joga” por coisas mais importantes. Uma reunião extraordinária do Conselho Deliberativo vai votar o afastamento de Paulo Carneiro, pedido feito pelo Conselho de Ética do clube.
O pedido de afastamento é baseado em um relatório produzido por uma Comissão Especial que foi criada para investigar a gestão do cartola. Entre as denúncias estão o adiantamento de salários por parte de Paulo Carneiro, e o uso de dinheiro do clube para custear processos pessoais, e comprar passagens aéreas. As situações foram adiantadas no site Bahia Notícias pelo ótimo Glauber Guerra, de quem sou amigo e fã.
PRIMEIRO TEMPO
Na REC #18 escrevi sobre a ‘panela europeia’ que impede jogos amistosos entre seleções de outros continentes com os escretes do velho mundo. Agora a receita para o enfraquecimento do futebol fora dos limites europeus ganha novos ingredientes. Os times da Inglaterra não vão liberar jogadores que atuam no país para defender as equipes nacionais de uma “lista vermelha” na próxima Data Fifa. A lista é baseada no risco de contaminação pela Covid-19, e incluiu toda a América do Sul, é claro. A preocupação com a pandemia é válida, não entro nesse mérito. E, nesse caso, então, entendo que o melhor caminho é cancelar a próxima Copa do Mundo, como foi indicado por PVC. Brasil, Argentina e Uruguai já não enfrentam os europeus, e agora sequer podem convocar os principais jogadores durante a fase de preparação. Qual a chance de competir na Copa do Mundo em alto nível assim? Com cada vez mais convicção, e tristeza, repito o que já escrevi aqui. Não acredito que voltaremos a ver uma seleção sul-americana campeã do mundo.
A mais animada janela de transferências dos últimos tempos já tinha colocado Lionel Messi no Paris Saint-Germain, e agora devolve Cristiano Ronaldo ao Manchester United. Nos próximos dias, ela ainda pode por Mbappé no Real Madrid. O argentino buscar uma liga mais fraca aos 34 anos, e o francês tentar um protagonismo maior aos 22, são caminhos naturais. Já o português, aos 36, voltar para a competição mais difícil do mundo, não. Ronaldo retorna ao Manchester com o dobro da idade que tinha quando chegou ao clube, em 2003. Na primeira passagem ele encerrou um jejum de quase dez anos e fez o time voltar a ser campeão da Liga dos Campeões em 2008/09. Desde então os Diabos Vermelhos não conseguiram mais vencer a principal competição europeia. E desde 2012/13 não vencem também o Campeonato Inglês. Erguer as duas taças faz parte da missão de CR7, que retorna ao clube com 118 gols marcados, “só” 135 a menos que Wayne Rooney. O Gajo já é o maior artilheiro da história do Real Madrid (451), será que dá para se colocar no topo da lista de mais um gigante? Na Juventus ele passou longe das 290 bolas na rede de Del Piero, mas marcou 101 e igualou Romário (Vasco, Flamengo e PSV) ao alcançar mais de 100 gols por três clubes diferentes. A favor de Cristiano pesa o fato dele também ter a marca centenária pela seleção.
SEGUNDO TEMPO
O Brasil já subiu ao pódio 30 vezes nas Paralimpíadas de Tóquio, e o número pode até ser maior quando você começar a ler esse texto. O país tem tudo para terminar, mais uma vez, no TOP 10 do quadro de medalhas e confirmar o status de potência paralímpica. Se você também se pergunta o motivo do Brasil ter um rendimento paralímpico tão melhor que o olímpico, a resposta está aqui. Guilherme Costa destrincha algumas das razões, entre elas a falta de apoio e oportunidade para pessoas com deficiência, o que faz com que essas vejam no esporte uma saída para buscar autonomia, independência, e inclusão social. Ele dá destaque também à Lei Piva, que há 20 anos destina parte do dinheiro das Loterias Federais ao Comitê Paralímpico Brasileiro. Por fim, cita o Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, estrutura de ponta que é legado da Rio-2016.
Já que comecei a falar sobre Tóquio…o meu legado pessoal das Olimpíadas até agora tem sido acompanhar o cenário do skate. No fim de semana aconteceu a primeira etapa da Liga Mundial e eu fiquei animadão, me achando O ENTENDEDOR, porque reconheci alguns rostos que estiveram também nos Jogos Olímpicos. Uma das figurinhas repetidas foi Rayssa Leal. A Fadinha, inclusive, foi a campeã do evento. Com um roteiro de cinema, ela partiu para a última manobra com a missão de conseguir um improvável 8,3 para vencer. Rayssa mandou tão bem, que ainda antes de sair a nota de 8,5 (maior da etapa entre as mulheres) a pista já estava cheia de gente incrédula que a carregava meio sem acreditar no que ela tinha feito.
TRÊS DE ACRÉSCIMO
A emoção que sobrou sábado no skate, faltou domingo na Fórmula 1. A chuva forte que caiu na Bélgica não permitiu a realização de um Grande Prêmio por completo. Foram mais de três horas à espera de melhores condições, que não chegaram. Nesse período aconteceram duas largadas, ambas com o carro de segurança na pista, e sem possibilidades de ultrapassagem. No fim, os carros completaram apenas quatro voltas. Pouco para uma corrida de verdade, mas o suficiente para organização encerrar o GP e conceder metade dos pontos aos dez primeiros colocados, como aponta o regulamento. Julianne Cerasoli explica melhor tudo que aconteceu aqui. Já adianto que não teve corrida, mas teve pódio, com direito a troféu e champanhe. Max Verstappen ficou com a primeira posição, seguido por George Russell, e Lewis Hamilton, em terceiro.