REC #30 | O perigo mora lá atrás
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O Bahia teve dois centroavantes no empate contra o Santos. Uma atitude agressiva de Diego Dabove, que privou a imprensa esportiva de trabalhar com o famoso questionamento: “Fulano e sicrano podem jogar juntos?”. Particularmente, achei deselegante da parte do argentino hehehe. Papo sério agora, apesar da novidade ofensiva, vou dedicar as próximas linhas ao sistema de defesa, que voltou a passar 90 minutos sem ser vazado depois de dois meses. Foram onze partidas no período.
Acabar com a sangria defensiva é o primeiro passo para o Bahia se afastar da zona de rebaixamento. É uma lógica bem simples: deixar de ser vazado significa somar pontos, justamente o que o Esquadrão precisa, e o que os últimos colocados normalmente não conseguem fazer. Uma vez com a defesa ajustada, lá na frente o Tricolor tem recurso para resolver, os concorrentes diretos, não. Gilberto é artilheiro do Brasileirão com oito gols, mesmo número de bolas na rede que todo o time do Sport (19ª). O Grêmio (18º) tem 14, só dois a mais que o combo Gilberto + Rodallega. América-MG (17º) e Chapecoense (20º) têm 17 cada.
Por outro lado, o Bahia tem a pior defesa do Campeonato, com 32 gols sofridos. É aqui que mora o perigo. Diego Dabove parece tentar resolver essa questão por meio de um jogo mais impositivo fisicamente. O Tricolor fez 20 desarmes contra o Fluminense, 17 contra o Fortaleza, e 19 contra o Santos. Sempre números acima da média de 16 por partida, que era ainda menor antes da chegada do argentino. O mesmo acontece com a quantidade de faltas. Os números são do Footstats.
PRIMEIRO TEMPO
O Corinthians saiu na frente do Palmeiras na final do Campeonato Brasileiro Feminino. Fora de casa, as alvinegras venceram o jogo de ida por 1 a 0. A volta está marcada para o próximo dia 26, na Neo Química Arena. Apesar da disputa pelo título reunir dois dos maiores clubes do país, é possível dizer que, no cenário do futebol feminino, a decisão marca o encontro de uma potência com uma equipe emergente na categoria. O Timão está em sua quinta final consecutiva, e busca o inédito terceiro título desde a reformulação do campeonato, há nove temporadas. Já o Verdão, que só reativou o time feminino em 2019, aparece na elite apenas pela segunda vez, e tenta o primeiro título nacional.
Na última data-Fifa, Chile e Peru foram os adversários vencidos pela Seleção Brasileira, cada vez mais excluída em limites sul-americanos. A restrição de adversários se estendeu para a lista de convocados, e Tite sequer pôde contar com alguns dos principais selecionáveis. Prova do confinamento continental é que já enfrentamos os peruanos SETE vezes desde a última Copa do Mundo. Haja criatividade para piadinhas de duplo sentido. Tanta repetição, como alertou Carlos Eduardo Mansur, geram mais dúvidas do que respostas sobre a equipe treinada por Tite. A já histórica sequência de oito vitórias seguidas nas Eliminatórias não significa muito na busca pelo hexa quando esses jogos repetem um roteiro que leva à queda de competitividade, quase como se fosse apenas mais um protocolo pandêmico a ser seguido.
SEGUNDO TEMPO
O boxe brasileiro voltou a disputar um cinturão mundial depois de 15 anos. O hiato que começou com Popó, em 2006, quase foi encerrado pelo também baiano Robson Conceição, no último fim de semana. Ele amassou a lataria do mexicano Oscar Valvez, mas não conseguiu o nocaute nos 12 rounds e viu os juízes darem vitória para o adversário, que subiu no ringue como detentor do título. Sei que nos esportes de luta existe essa coisa do “empate ser do atual campeão”, só que o rosto desfigurado de Valdez deixou claro que, mesmo sem nocaute, a luta de ontem teve Robson como vencedor. Meteram a mão no baiano...e sem luva! Na Rio-2016, Robson Conceição se tornou o primeiro brasileiro a conquistar uma medalha de ouro no boxe olímpico. Desde então, se dedicou a carreira profissional e venceu 16 lutas seguidas, até disputar o cinturão e conhecer a primeira derrota. Já entrevistei ele algumas vezes e sei o quanto o cara é obcecado pelo título mundial. Torço muito para que ele chegue lá. Vai chegar!
Daniil Medvedev impediu a história de ser escrita ao vencer Novak Djokovic por 3 sets a 0 na final do US Open. Djoko entrou em quadra para superar Roger Federer e Rafael Nadal em número de troféus de Majors, e buscar o quarto título de Grand Slam na mesma temporada, feito alcançado pela última vez em 1969. Ultrapassar Federer e Nadal parece uma questão de tempo, e o 21º título deve vir em 2022. Por outro lado, é difícil imaginar que o sérvio tenha outra chance de vencer os quatro principais torneios no mesmo ano. Enfim, a taça do Aberto dos Estados Unidos ficou com Medvedev, foi o primeiro Grand Slam vencido pelo russo de 25 anos.
TRÊS DE ACRÉSCIMO
Cinco pontos separam Max Verstappen de Lewis Hamilton na classificação do Mundial de Pilotos. Menos que cinco centímetros separaram o capacete do piloto inglês do pneu do carro dirigido pelo holândes depois do acidente protagonizado por eles no Grande Prêmio da Itália. As imagens são impressionantes. Com os líderes do campeonato fora da corrida, a McLaren brilhou e conseguiu uma dobradinha: Daniel Ricciardo em primeiro e Lando Norris em segundo. A terceira posição ficou com Valtteri Bottas (Mercedes). Em 14 corridas até agora, a F1 2021 teve cinco pilotos e quatro equipes diferentes como vencedores de uma corrida. Além disso, oito das dez escuderias já subiram ao pódio. Tanta variação abre margem para várias disputas até o fim da temporada:
- Pelo título de pilotos: Verstappen (226,5) x Hamilton (221,5)
- Pelo terceiro lugar de pilotos: Bottas (141) x Norris (132)
- Pelo título de construtores: Mercedes (362,5) x Red Bull (344,5)
- Pelo terceiro lugar de construtores: Mclaren (215) x Ferrari (201,5)
- Pelo quinto lugar de construtores: Alpine (95) x Alpha Tauri (84)